segunda-feira, 31 de maio de 2010

amigos íntimos.

Eu nunca fiz amigos tentando ser interessante. Todos os amigos mais íntimos que fiz foi porque me interessei verdadeiramente por eles. Me interessei pelo que doía, pelo que o fazia gargalhar, pela forma como banalizava histórias tristes, pelo jeito com que dramatizava fatos aparentemente banais...Todo mundo quando descobre certa receptividade no outro abre seu coração com tamanha generosidade, que fica difícil não fazer o mesmo. Porque a escolha é sempre nossa. A gente se abre, o outro percebe e se abre simultaneamente sempre nessa expectativa do encontro. E quando flui, tudo nos parece mágico. Mas depois vem o que fazemos com tanta informação, com aquela confissão, com aquele momento de entrega. É isso que vai solidificar o que quer que tenha começado. E quando isso não é um dom, é um exercício.

Caio F.


domingo, 30 de maio de 2010

Alice e os abismos.
A
vida é feita de vários abismos...
Alguns pequenos, outros maiores, outros extremamente fundos...
Porém, quando cair dentro de um desses abismos, aproveite para refletir e pensar se quer mesmo voltar para a superfície ou se quer continuar lá, quieta, sozinha, no escuro... MAS EM PAZ!
Até hoje eu sempre acabei voltando para a superfície, pois, um ser humano como eu sente muitas saudades de pessoas e dos lugares... Mas sempre acabo caindo de novo lá embaixo... Sempre.
Na verdade, quando me perco e não sei voltar, é lá que eu me escondo até eu me encontrar novamente
.


terça-feira, 25 de maio de 2010

nuvens de saudade

É tão grande a tristeza que eu sinto pois, não tive a oportunidade de passar mais tempo ao seu lado pelo fato do destino ter desviado muitos caminhos até então...
Porém, os momentos que passamos juntos de amizade, de loucura, de disputar quem gostava mais de nirvana na cidade, hahahaha, foram ótimos...
Espero que você esteja bem agora, mesmo que todos conspirem a favor de não existir mais nada além da vida, algo dentro de mim faz com que eu não acredite nisso... Você se foi de uma maneira drástica que deixou a todos espantados e muito tristes... Só agora pude entender o motivo da sua ida, da sua perturbação... Não se perca na escuridão, procure pela luz... pela paz de espírito que você merece... E eu tenho certeza que você encontrará...
Nunca imaginei passar por uma coisa dessas na minha vida... é estranho pensar que você não está mais entre nós... fazia tempo que não nos falamos mas eu o tinha no pensamento sempre e agora ainda mais... vou me lembrar apenas dos momentos legais, dos nossos tubão no horto, rsrsrs! De quando matávamos aula pra conversar e quando juntávamos, eu, você e o tchearck pra tocar violão e beber... ouvir nirvana e falar sobre isso... cantar no altas quando colocavam música deles...
Vai em paz Neri! Ficaremos aqui também aguardando a nossa hora, pensando em você.

terça-feira, 18 de maio de 2010

O que é a Filosofia?

Qualquer idéia que te agrade,
Por isso mesmo....é tua.
O autor nada mais fez do que vestir a verdade
Que dentro em ti se achava inteiramente nua....

Das idéias, por Mário Quintana

A pergunta em si já é batida, e as respostas, muitas vezes vagas. O que é filosofia? Para que serve? Nada mais complicado do que tentar definir o termo, quando muitos já o fizeram mais e melhor do que eu. Buscarei o caminho inverso neste texto; vou tentar apresentar para vocês um pouco de como funciona a filosofia, e disso vocês poderão tirar suas próprias conclusões.

Por isso, basta-me já uma breve definição (ou tradução?) da palavra filosofia. Em grego, ela significa “amigo da sabedoria” (filo = amigo, sofia = sabedoria). Simples assim e, no entanto, complexo. O que é ser sábio? O que é sabedoria? Calma, deixemos isso ao estudo filosófico... O que importa saber, aqui, é que filosofia envolve justamente descobrir algo de forma crítica e lúcida. Eis aí o cerne do que podemos chamar de “sabedoria”. Como disseram vários pensadores da Grécia a China, é “saber o que se sabe, e saber o que NÃO se sabe”. Ou seja, filosofar envolve - de algum modo -a consciência crítica sobre toda e qualquer forma de conhecer o mundo.

A filosofia constitui, portanto, a atividade primeira de ordenar o nosso pensamento e, consequentemente, nossas ações. Vivemos o que se chama uma “vida acidental”, ou, uma existência repleta de acidentes em que sempre somos chamados a repensar nossos conceitos pessoais e/ou culturais diante de situações concretas da vida. Foi Aristóteles quem disse que “errar é humano”, e a ambigüidade da frase é fabulosa. Não cometemos apenas “erros”, mas é da nossa própria natureza “errar” pelo mundo em busca de respostas para nossos dilemas. Enfim, somos seres “errantes”, e neste processo de conhecimento, a condição de experimentar (ou, de se “acidentar”) é uma constante inevitável.

Eis o momento em que surge a atividade filosófica, pois. Desta insatisfação em viver uma vida contraditória e cheia de problemas que começamos a nos questionar sobre o que é a realidade. Questionamos crenças, ciências, cultura, sociedade, sistemas.....a contestação não é vazia, porém. Ao contrário: a idéia de contestar visa, antes de tudo, identificar o que há de errado na forma como pensamos ou encaramos o mundo, e consertamos este ponto de vista. Mas, se constatarmos que uma determinada visão de mundo não funciona mais, a filosofia pode ir mais além, propondo algo novo, antecipando em anos – ou mesmo séculos – a existência de um novo sistema social, cultural ou de pensamento.

É assim, de certo modo, que a atividade filosófica funciona. Ela se subdivide em várias áreas (ética, estética, epistemologia, etc.), cada qual abordando aspectos diversos do mundo em que ela se torna necessária. As teorias filosóficas visam nos proporcionar um ângulo diferenciado da visão usual do senso comum, nos mostrando as inúmeras possibilidades que a realidade nos oferece. Mas para isso – e volto a insistir - existe o papel saudável do questionamento, que nos leva a oferecer alternativas lógicas para um determinado problema. Quando nos deparamos, por exemplo, com uma questão ética como a eutanásia, devemos nos inquirir sobre as várias alternativas de abordar o problema: como definimos vida? Posso fazer a outro algo que não gostaria que fizessem comigo? É legítimo praticar a eutanásia num país sem recursos hospitalares? Mas estes recursos não existem ou eles são drenados por um sistema corrupto? Vivemos numa sociedade que prega a tolerância religiosa: então devemos respeitar a visão dos que são contra a eutanásia? Mas vivemos num país onde, igualmente, existem várias religiões e apenas uma lei – deve a lei, portanto, seguir um ponto de vista único? Etc, etc...

Devemos lembrar, contudo, que estes questionamentos não são estéreis ou desprovidos de propósito: eles visam, na verdade, oferecer uma resposta mais segura, concreta e ampla sobre as situações que permeiam esta nossa existência. Claro, existirão ainda respostas diferentes, algumas vezes calcadas no próprio interesse pessoal. O fundamental, porém, é a possibilidade que as teorias filosóficas têm de alcançar um grande número de pessoas, seja pelo seu conhecimento intelectual ou mesmo, quando ela é aplicada em caráter prático. Foi no século 19, por exemplo, que um filósofo como Stuart Mill defendeu o voto feminino na Inglaterra, reconhecendo a fundamental importância da mulher na sociedade, conquista hoje legitimada na maior parte dos sistemas políticos do mundo. Do mesmo modo, Marx criou a utopia do socialismo e do comunismo, que levou o mundo a quase um século de debate - ou mesmo disputa - social em torno da melhoria das condições de vida dos trabalhadores. Neste exato momento, hoje, filósofos discutem a importância das tecnologias, de educação, da história, enfim, de todas as áreas do conhecimento na existência do ser humano, buscando propor um meio de entender as suas transformações.

Vista assim, a filosofia é uma atividade indispensável para a construção de um mundo mais consciente. Exercitá-la é aprimorar a arte de pensar, levando-nos a condições existenciais inimagináveis. Ás vezes ela dá medo, ou dá susto; os bons e velhos gregos já nos avisavam do chamado “espanto filosófico”, um daqueles momentos em que percebemos algo até então desconhecido, que podia estar mesmo na nossa frente e não víamos (e o que a psicologia moderna chama de “insight”). Mas este espanto (se parece desagregador), é antes de tudo saudável, se pudermos aproveitá-lo a nosso favor.

Fazer ou ensinar filosofia é, portanto, adicionar um pouco mais de água na raiz da árvore sabedoria. Não se engane, filosofar é construir um mundo novo, e descobrir meios de materializar utopias. Se há profissões que entendem o ser humano por fora, a filosofia aborda-lhe diretamente a alma - embora possamos nos perguntar, jocosa e filosoficamente se ela – alma - existe. Mas, algo que temos dentro de nós muda, inevitavelmente, depois de “filosofarmos”. Ninguém é mais o mesmo com um pouco de filosofia.

Termino este breve texto, novamente, com uma poesia. Já havia dito um filósofo que, se a filosofia é a busca dos homens pela sabedoria, a poesia é a sabedoria em busca dos homens. O que eu não consegui explicar, ela os dirá. Fiquem na companhia, pois, de Fernando Pessoa;

Em meus momentos escuros
Em que em mim não há ninguém,
E tudo é névoas e muros
Quanto a vida dá ou tem,
Se, um instante, erguendo a fronte
De onde em mim sou aterrado,
Vejo o longínquo horizonte
Cheio de sol posto ou nado

Revivo, existo, conheço,
E, ainda que seja ilusão
O exterior em que me esqueço,
Nada mais quero nem peço.
Entrego-lhe o coração.

Frestas, de Fernando Pessoa

[texto retirado do blog: pensandonasruas.blogspot.com
escrito por André Bueno.]